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Obesidade e comportamento alimentar


Por Ester Soares

Começo este post com este parágrafo da manchete, recente, do jornal O Globo: “A obesidade e o sobrepeso vêm aumentando no Brasil assim como em toda a América Latina e Caribe, com um impacto maior nas mulheres e uma tendência de crescimento entre as crianças, aponta relatório conjunto da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) e a Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS) divulgado recentemente. De acordo com o levantamento, intitulado “Panorama da Segurança Alimentar e Nutricional na América Latina e Caribe”, mais da metade da população brasileira está com sobrepeso e a obesidade já atinge a 20% das pessoas adultas no país, enquanto 58% da população latino-americana e caribenha estão com sobrepeso, num total de 360 milhões de pessoas, e a obesidade afeta 140 milhões, ou 23% da população regional.?

O fato é que a  Organização Mundial de Saúde aponta a obesidade como um dos maiores problemas de saúde pública no mundo. Mas há relações que precisam ser discutidas.

Fato curioso, se pensarmos que nunca se falou tanto em comida saudável. Porém, arrisco dizer que esta tendência por surpevalorizar alimentos (e muitos deles totalmente fora de nosso contexto social e econômico) vem contribuindo de maneira importante e  influenciado toda uma geração com mentalidade de dietas restritivas e dicotômicas que fomentam de maneira danosa e deletéria a continuidade de hábitos sustentáveis. Afinal, estes comportamentos partem do senso comum que tudo que é bom (como na música) é ilegal, imoral ou engorda. Mentira! O desserviço que o terrorismo nutricional tem causado nos hábitos das famílias pode estar dentre os fatores que apontam o relatório acima.

Sabe-se que dentre a multifatoriedade da obesidade, a genética está relacionada. Porém, o padrão de consumo do brasileiro mudou significativamente nas últimas décadas. O consumo elevado de comida industrializada em detrimento dos alimentos frescos e preparados caseiros, a urbanização, a entrada da mulher de maneira mais efetiva no mercado de trabalho, a pressão das companhias de alimentos e bebidas criando um ambiente de ?coma mais? e a mudança  observada nas famílias  que têm deixado de consumir pratos tradicionais e aumentado a ingestão de alimentos ultra-processados e de baixa qualidade nutricional. Ou, ainda, alimentos que não fazem parte nem mesmo de nossa agricultura são fatores que contribuíram para a elevação dos índices e merecem nossa atenção.

A adoção de medidas preventivas passa pelo fortalecimento de uma agricultura local, que privilegia o consumo consciente e de alimentos regionais, que fazem parte de um sistema alimentar saudável, onde todos os alimentos e grupos alimentares são privilegiados. Assim destaca o Guia Alimentar para a População Brasileira.

Reforço aqui minha preocupação com os números do relatório e repito as sábias palavras da  nutricionista Ellyn Satter: ?Comer tem relação com autorespeito, nossa conexão com nossos corpos e compromisso com a vida!”

Leia mais:

http://oglobo.globo.com/sociedade/saude/sobrepeso-obesidade-em-alta-no-brasil-diz-onu-20819122#ixzz4XErYC2lq

https://nacoesunidas.org/wp-content/uploads/2017/01/Panorama-final-17.01.pdf



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