Por Maria Luiza Blanques Petty, nutricionista
A cada semana, vemos na televisão, lemos nas revistas e ouvimos por aí que certo alimento emagrece, cura o câncer ou retarda o envelhecimento. A página ?Nutrição sem modismo?, de maneira brilhante, fez uma retrospectiva dos “super alimentos” nos últimos anos. A lista continha:
– 2007: chá verde
– 2008: quinoa
– 2009: óleo de coco
– 2010: ração humana
– 2011: chia
– 2012: suco verde
– 2013: goji berry
Não é curioso um alimento ter sido a cura de todos os males em uma época e, de repente, ninguém mais falar sobre ele? Na lista apresentada acima, senti falta da soja, da aveia, do salmão e da linhaça. Lembro que em uma época até nos restaurantes por quilo encontrávamos potinhos com linhaça para salpicarmos na comida, como se estivéssemos polvilhando queijo ralado.
Os alimentos vão dos mais exóticos, como a goji berry, aos mais tradicionais, como o tomate. Mas pode ter certeza, se a emissora mostrar uma matéria sobre suas propriedades emagrecedoras, no dia seguinte a procura vai crescer e o preço aumentar.
Recentemente fui comprar gengibre e não encontrava em nenhum supermercado. Ah! Me lembrei, ele é um ingrediente do suco ?desintoxicante? – o suco verde. Vai ser mais difícil encontrá-lo e seu preço certamente estará mais alto.
Baseado em inúmeras e sérias pesquisas ou em um estudo feito com ratos na China, não importa. Se houver alguma indicação de que o alimento pode ter ação além da ?mera? nutrição, ele irá vender.
Como certamente já foi comentado neste blog, nenhum alimento por si só tem a capacidade de promover a saúde e/ou emagrecer. Alguns podem até ter atuação adjuvante na prevenção e ou tratamento de certas doenças e serem incluídos no dia-a-dia da nossa alimentação, mas será que pra isso é preciso trazer um alimento da China e praticamente comê-lo de nariz tapado por conta do seu gosto ruim? Nesses casos, quem será que sai ganhando, nossa saúde ou os bolsos de alguéns?
Vale a reflexão.