Por Ana Carolina Pereira Costa, nutricionista
Não é segredo nenhum que pessoas gordas sofrem discriminação pública e/ou velada na sociedade: no trabalho, nas esferas sociais, nos consultórios médicos e nutricionais… Essa discriminação, também conhecida pelos termos em inglês ?weight bias? ou ?weight stigma? (?estigma da obesidade?), aumenta o risco de depressão, ansiedade, baixa autoestima e suicídio entre as pessoas com excesso de peso. Ou seja: as consequências negativas do estigma da obesidade estão sendo identificadas e abordadas em diversos estudos, e a lista dessas consequências só tem aumentado.
Um novo estudo publicado pela equipe do Rudd Center for Food Policy and Obesity avaliou o grau de estresse de mulheres ? magras e gordas ? quando submetidas a vídeos que estigmatizavam indivíduos com excesso de peso. O grau de estresse foi determinado pelo teor de cortisol na saliva das voluntárias, coletada antes e após o experimento. Este hormônio é liberado no corpo, dentre outros momentos, em situações de estresse físico e psicológico.
As mulheres foram divididas em dois grupos: um grupo assistiu a um vídeo neutro, contendo cenas de comerciais de televisão divulgando artigos domésticos e automobilísticos; o outro assistiu a cenas de filmes e seriados de televisão retratando mulheres gordas de forma pejorativa ou estereotipada (ex: comendo compulsivamente, dançando de maneira cômica, etc.). O estudo foi muito bem conduzido e pode ser encontrado aqui.
Resultado: independentemente do peso das participantes, aquelas que assistiram ao vídeo com estereótipos apresentaram uma menor queda nos níveis de cortisol circulante, em comparação com o grupo que assistiu ao vídeo neutro. Isto é, pode-se dizer que ficaram ?estressadas? por mais tempo. Além disso, as mulheres que assistiram ao primeiro vídeo estavam mais propensas a se sentirem chateadas, ansiosas, tristes e bravas após sua exibição.
Ou seja: não importa o peso, todos somos afetados negativamente pelo preconceito da obesidade. Este estudo mostrou um aumento no estresse neuroendócrino das mulheres expostas ao estigma, fato que certamente contribui com a redução da nossa qualidade de vida.
Sendo assim, o que estamos esperando para individualmente lutar contra o estigma e o preconceito? Que tal pensar duas vezes antes de rir do comentário do seu colega de trabalho sobre o novo funcionário gordo? Que tal refletir sobre seus próprios comentários pejorativos ao se sentar ao lado de uma pessoa gorda no ônibus? Que tal rever seus comentários e pensamentos sobre seu próprio corpo?