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A necessidade de promover respeito ao corpo!


Por Marle Alvarenga, nutricionista

Nós escrevemos vários textos aqui sobre a questão da imagem corporal (ex: https://www.genta.com.br/materiais/o-que-e-imagem-corporal/; https://www.genta.com.br/ser-satisfeito-com-meu-corpo-faz-diferenca/). Mas por que como um grupo especializado em nutrição, transtornos alimentares e obesidade falamos tanto sobre esta temática?

Pensando no foco da nutrição, assim como defendemos que é preciso olhar cada vez mais para a comida e os seus aspectos biopsicosocioculturais (não só para calorias e nutrientes), precisamos também olhar e entender os corpos, além da sua fisiologia e da sua antropometria (ou seja, além de peso, altura, composição corporal). Nossos corpos e imagem corporal, tem uma história, e também tem sentidos e significados.

No caso específico dos transtornos alimentares, é fato conhecido que a insatisfação e a distorção da imagem corporal, são preditores importantes dos comportamentos alimentares transtornados, e, portanto, são fator de risco para o desenvolvimento desses quadros.

No caso da obesidade, também se conhece que pessoas com excesso de peso tendem a ter mais insatisfação corporal; no entanto, não há uma correlação entre os dados, no sentido de que quanto mais peso pior a insatisfação. Especificamente no caso de pacientes com transtorno da compulsão alimentar, a insatisfação corporal é pior quanto mais compulsão, e não quanto mais peso. Mas a pressão sociocultural pela magreza, e o estigma e o preconceito associados a obesidade aumentam a insatisfação com a imagem corporal.

Desta forma, promover aceitação corporal é fundamental para a prevenção de transtornos alimentares e obesidade, um ponto que defendemos como GENTA e sobre o qual já escrevemos também (ex:https://www.genta.com.br/o-que-e-ter-uma-imagem-corporal-positiva/;  https://www.genta.com.br/body-kindness-amar-conectar-e-cuidar/).

Mas muitos nos questionam, como aceitar e amar meu corpo, se olho pra ele e não consigo de maneira nenhuma me gostar? Daí a importância de falarmos sobre o respeito ao corpo. Mesmo sem conseguir ainda apreciar e gostar do corpo, é preciso fazer um exercício de respeito. Precisamos ensinar as crianças e os adolescentes sobre esse respeito desde do começo, e podemos exercitar isso, mesmo que não tenha sido dessa forma que fomos criados a olhar para o nosso corpo.

Infelizmente hoje o corpo é visto muito sobre a ótica da estética, a inclusive uma discussão curiosa de um filósofo diz que como nosso corpo hoje não tem função, assim como alguns instrumentos do passado (como máquina registradora, radiofone, ferro de passar a brasa), que ele virou um enfeite! Assim como esses itens passaram a ser vendidos em lojas de decoração. Não há nada de errado em querer ser agradável aos olhos obviamente, mas o nosso corpo não é um enfeite, ele tem função!

Pode não ter mais, para a maioria, as mesmas funções do passado que exigiam que cortássemos lenha para ter aquecimento e construir casas, que esfregássemos as roupas nas pedras dos rios ou nos tanques para que pudessem ficar lavadas – mas o nosso corpo continua sendo o veículo de nossa vida. Nada do que fazemos aqui pode ser feito sem um corpo.

Assim, da mesma forma que você pode enxergar imperfeições e pontos a melhorar em sua casa – como um rodapé aqui precisa de pintura, uma cortina que precisa de reparos – e mesmo assim ter apreciação por sua casa por te abrigar e respeitar e cuidar dela; podemos continuar enxergando essas “imperfeições“ de nossos corpos (que na verdade são muitas vezes completamente irreais e só alimentadas pelo perfeccionismo vendido pela mídia), e mesmo assim respeitar os nossos corpos.

Teremos uma Live nesta próxima quarta-feira, dia 17/02 às 19h00 para conversar mais sobre isso, venha participar conosco e discutir essas possibilidades, para você para sua família, para seus filhos e para aqueles com você com quem você convive.

Vamos viver em nossos corpos até o último dia, e é preciso viver em harmonia com ele!

 



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