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As mídias sociais podem te deixar doente – filtre o que você lê!


Por Marle Alvarenga, nutricionista

Há muito tempo se sabe que a influência da mídia tem papel no desenvolvimento de transtornos alimentares1. Juntamente com a influência da família e dos amigos, a mídia forma o modelo de etiologia dos três fatores para transtornos alimentares. E afirma-se que a mídia é a mais penetrante, especialmente para adolescentes e adultos jovens2.

Esta temática se torna especialmente preocupante hoje, em tempos de mídias sociais. Recente metanálise sobre o tema encontrou associação entre problemas com a imagem corporal, comer transtornado e uso de mídias sociais 3.

Quando eu era adolescente, o máximo que chegava as minhas mãos, eventualmente, era uma revista “Capricho”; e mesmo na televisão não havia esta profusão de conteúdos relacionados à “saúde” e “alimentação”. Hoje, qualquer menina de 12 anos tem acesso a milhares de sites, blogs, aplicativos, perfis e, portanto, a uma enormidade de conteúdos contraditórios, alarmantes, errôneos, sensacionalistas, ortoréxicos e neuróticos.

Alguns relatos descrevem a influência negativa das redes4-5; e o fenômeno passou a ser estudado mais recentemente, apontando sempre grande influência, especialmente para a imagem corporal ? entre outras consequências negativas.6-13


Não à toa, passou a fazer parte de minha anamnese com adolescentes perguntar “quem você segue?”, para ter uma ideia de que tipo de conceitos esta pessoa tem. Infelizmente também já atendi caso de anorexia nervosa cujo gatilho inicial foi começar a seguir uma destas pseudo celebridades que ensinam seu “estilo de vida” transtornado. Ainda há quem as defenda… Mas a a situação é alarmante!14


É urgente que pais prestem atenção naquilo que seus filhos seguem – especialmente as meninas adolescentes – e que tenham conversa séria e franca sobre o mundo artificial vendido em muitas destas mídias, especialmente no que diz respeito a corpo “ideal”, e o que é de verdade uma prática saudável de atividade física, e o que é de verdade comer bem. Se você tem filhos, atenção.15


Se você segue estes perfis, faça uma autoanálise: eles ajudam a melhorar a sua autoestima? Eles te ajudam a ter uma relação de respeito com seu corpo? Eles verdadeiramente te ajudam a ter hábitos alimentares saudáveis (e possíveis no mundo real)?

E nós, profissionais de saúde, precisamos discutir com nossos pacientes o impacto negativo deste tipo de mídia e ajudá-los a filtrar os conteúdos. Também precisamos expandir nossos esforços de pesquisa nesta área e de ações de saúde pública e políticas que combatam as informações inadequadas.

Se você gosta de estar conectado, filtre o que você lê e segue. Sim, é possível usar as mídias sociais.16


Além do Genta e do Nutrição Comportamental (https://www.facebook.com/nutricaocomportamental/), cheque estes sérios e responsáveis:

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Referências:

  1. Alvarenga, Marle dos Santos, et al. “Influência da mídia em universitárias brasileiras de diferentes regiões.”Jornal Brasileiro de Psiquiatria59.2 (2010): 111-118.
  2. Van den Berg, Patricia, et al. “The tripartite influence model of body image and eating disturbance: A covariance structure modeling investigation testing the mediational role of appearance comparison.”Journal of psychosomatic research 53.5 (2002): 1007-1020.
  3. Holland, Grace, and Marika Tiggemann. “A systematic review of the impact of the use of social networking sites on body image and disordered eating outcomes.”Body image 17 (2016): 100-110.
  4. https://qz.com/880853/instagram-made-me-feel-bad-about-myself-until-i-hacked-its-algorithms-to-improve-my-body-image/
  5. http://www.thedailybeast.com/articles/2015/10/08/how-social-media-including-instagram-and-facebook-cause-anorexia.html
  6. Fardouly, Jasmine, et al. “Social comparisons on social media: The impact of Facebook on young women”s body image concerns and mood.”Body Image 13 (2015): 38-45.
  7. Kim, Ji Won, and T. Makana Chock. “Body image 2.0: Associations between social grooming on Facebook and body image concerns.”Computers in Human Behavior 48 (2015): 331-339.
  8. Walker, Morgan, et al. “Facebook use and disordered eating in college-aged women.”Journal of Adolescent Health 57.2 (2015): 157-163.
  9. Ghaznavi, Jannath, and Laramie D. Taylor. “Bones, body parts, and sex appeal: An analysis of# thinspiration images on popular social media.”Body Image 14 (2015): 54-61.
  10. Holland, Grace, and Marika Tiggemann. “?Strong beats skinny every time?: Disordered eating and compulsive exercise in women who post fitspiration on Instagram.”International Journal of Eating Disorders 50.1 (2017): 76-79.
  11. Tiggemann, Marika, and Mia Zaccardo. “?Strong is the new skinny?: A content analysis of# fitspiration images on Instagram.”Journal of Health Psychology (2016): 1359105316639436.
  12. Pepin, Genevieve, and Natalie Endresz. “Facebook, Instagram, Pinterest and co.: body image and social media.”Journal of Eating Disorders 3.1 (2015):O22
  13. Tiggemann, Marika, and Amy Slater. “Facebook and body image concern in adolescent girls: A prospective study.”International Journal of Eating Disorders 50.1 (2017): 80-83.
  14. http://f-utilidades.com/2017/01/12/mas-elas-estao-apenas-compartilhando-um-estilo-de-vida-sera-mesmo/
  15. http://www.mirror.co.uk/lifestyle/health/social-media-making-your-child-9396731
  16. https://www.eatingrecoverycenter.com/blog/2016/05/04/7-ways-to-use-social-media-without-feeding-an-eating-disorder-ellie-herman



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