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Body Kindness: amar, conectar e cuidar


Por Erika Checon B. Romano, nutricionista

Sempre aguardo ansiosamente os simpósios da Nutrição Comportamental. É como estar em casa, com parceiras de anos, vendo uma nutrição diferente e humanizada cada vez mais ao alcance de todos , trazendo informações científicas e reflexões importantíssimas para a melhora da relação com o paciente e adesão no tratamento.

Esse ano, com base na “gentileza gera gentileza”, experts discutiram com ciência e sabedoria, temas fundamentais. Em sua palestra, Rebecca Scritchfield, falou do Body Kindness (gentileza com o corpo): cuidar, amar e conectar com seu corpo. O que você tem feito para estar bem, para ter uma vida melhor? Como anda sua conexão com as outras pessoas? Você percebe as coisas boas que acontecem a sua volta e comenta sobre elas? Ou só reforça as emoções negativas? Esse tipo de comportamento e afastamento das suas essências pode trazer consequências desastrosas. Daí a importância de se concentrar nos hábitos com objetivos que se alinham a valores pessoais. Afinal, como você se sente diz respeito a suas emoções e quem você é diz respeito a construir você mesmo com base nos seus próprios valores, e isso engloba vários temas que foram discutidos no simpósio.

Um dos temas  foi o conceito histórico e filosófico da beleza.  Em tom sereno, o psiquiatra Taki Cordás – referência nas pesquisas em transtornos alimentares -envolveu sabiamente a plateia no conceito do belo. Com imagens, sons e cores envolventes, preencheu todos os corações, mostrando que a beleza está aonde nos sentimos em harmonia, na vida construída e nas relações. Beleza é o que toca você… E o anfiteatro, entumecido por emoções sonegadas, respirou aliviado diante a fuga das emoções rasas banalizadas.

E se a beleza enveredou abrangente e metaforicamente, a felicidade discutida sucumbiu a ciência e esvaiu do popular. O bem-estar interno e satisfação com a vida, ligado a boas relações sociais, são sem dúvida um bom investimento afetivo. No caminho da emoção positiva, engajamento, propósito existencial, relações humanas e vitalidade, a felicidade aparece no final do túnel.

E nesse percurso do ser, composto pelo esboço do dizer, o comer tem amplo papel. Na nutrição gentil, doces palavras ganharam o ambiente, e contentes nutricionistas puderam ficar. Em diabetes, doença cardiovascular e renal crônica, com gentileza e ciência, melhor os pacientes poderão ficar. E até Aristóteles entrou na dança, e dentre as quatro causas aristotélicas, mostra a importância da causa eficiente no envolvimento do paciente com a motivação, a caminho do melhor prognóstico, e adesão do paciente – que envolve varias áreas de pesquisa.

Com embasamento, sutileza e sabedoria, o vício em comida foi quimicamente derrubado, dando lugar ao vício em comer por estar ligado ao comportamento. Com amplas visões comentadas nos mitos e modismos sobre alimentação e corpo, mais uma vez a ciência prevalece. E na imagem corporal trabalhada, mostrou-se a diferença de ver o corpo que temos e o que podemos sentir ter. Ao aprofundar a relação com o corpo, podemos pensar na prática da atividade física com base no amor próprio, ouvindo o corpo, compreendendo que a vida não é um projeto corporal.

Portanto, a mudança do comportamento alimentar torna-se necessária. Esse comportamento discutido ampliou os passos e universo da nutrição, trazendo o alimento para um campo fértil, nutritivo e afetuoso, de autocuidado e reflexões. Diante de tantos conceitos e esclarecimentos, poderíamos trazer para nós mesmos uma importante reflexão:  como você se trataria agora se utilizasse bondade e gentileza?  Sua reação pode surpreender você…



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