Por Ester Soares Paulino, nutricionista
O mundo e o consumidor contemporâneo estão sendo bombardeados constantemente com disponibilidade de alimentos, que nos fazem ignorar todos os sinais internos de fome e saciedade. O artigo que citarei abaixo descobriu que a tendência dos consumidores de hoje de se comer quando não se está com fome pode ser menos vantajosa para a saúde do que comer quando a fome está presente. As evidências do estudo sugerem que o momento em que as pessoas comem pode ser tão importante para a saúde quanto como, o que ou quanto eles comem.
Acho bastante interessante quando o artigo propõe o termo “fome subjetiva” e ressalta que esta conexão não é fácil, uma vez que somos ensinados ou educados a comer com as regras alimentares propostas (quantidade, horários…) e nos distanciamos cada vez mais dos sinais internos de fome e saciedade.
O artigo, com todas suas limitações, traz à tona para futuras pesquisas e reflexões as questões comportamentais ligadas ao comer e seus reflexos nas questões fisiológicas. Reforça meus anseios de que este é o caminho da nutrição. Definitivamente, dietas não funcionam.
O estudo:
Este estudo é o primeiro especificamente concebido para analisar a relação entre a sensação subjetiva de níveis de fome e glicose pós-consumo. É possível que regular a ingestão de alimentos de acordo com a fome subjetiva pode ser fisiologicamente saudável. Os indivíduos que participaram do estudo foram 45 estudantes de graduação, que foram inicialmente convidados a avaliar o seu nível de fome e, em seguida, consumir uma refeição rica em carboidratos. Para medir como a refeição estava impactando na saúde dos participantes, níveis de glicose no sangue foram medidos em intervalos regulares depois de terem consumido a refeição. Os resultados do estudo mostraram que os indivíduos que estavam moderadamente com fome antes da refeição tendem a ter níveis mais baixos de glicose no sangue após consumir a refeição do que os indivíduos que não estavam particularmente com fome. Estes achados sugerem que pode ser mais saudável para as pessoas comer quando estão com fome moderada do que quando não estão com fome.
Além de abordar as limitações, bastante claras, os achados da presente pesquisa também pedem mais estudos para estender as descobertas em novas direções. E, por fim, o estudo sugere que pode ser ?relativamente produtivo do ponto de vista de saúde regular o consumo de alimentos de acordo com as sensações internas e, especificamente, que pode ser benéfico para saúde comer quando estamos moderadamente com fome.” Reforçando que pode ser especialmente importante no ambiente de consumo de alimentos atualmente, onde sugestões externas para comer são onipresentes.
Vamos, então à leitura:
Gal, David, Let Hunger Be Your Guide? Being Hungry Before a Meal is Associated with Healthier Levels of Post-Meal Blood Glucose (December 18, 2015). Journal of the Association for Consumer Research, 1:1, 2016, Forthcoming. Available at SSRN: http://ssrn.com/abstract=2705592