Por Alessandra Fabbri, nutricionista
Já falei em outro post sobre o quanto utilizar outras técnicas é importante para lidar com a relação que as pessoas têm com a comida e com o corpo, mas ainda não falei sobre o quanto é importante para o terapeuta nutricional estudar sobre aconselhamento nutricional e outras áreas como psicologia, psiquiatria entre outras técnicas, para conseguir ajudar da melhor maneira seu paciente.
Afinal, o que faz um terapeuta nutricional? É um nutricionista que trabalha com aconselhamento nutricional, que estudou diversas ferramentas baseadas em mudança de comportamento (como: terapia cognitivo comportamental, entrevista motivacional, comer com atenção plena, comer intuitivo, competências alimentares, entre outras) e se utiliza delas para auxiliar os pacientes a entenderem a conexão entre emoções, pensamentos e o quanto isso pode estar interferindo na sua alimentação. Esse profissional também se coloca como um aliado no tratamento do paciente oferecendo ajuda, apoio, orientação. Em resumo, o terapeuta nutricional forma uma parceria com o paciente agindo como um facilitador para a mudança, encorajando-o para novas possibilidades, mas mantendo-o como principal responsável pela sua saúde.
Gostaria de citar aqui também as questões éticas sobre o limite de atuação do profissional que utiliza esta abordagem. O nutricionista irá falar sobre questões relacionadas ao peso, alimentação, imagem corporal e esforços que interferem na mudança do comportamento do paciente, mas que NÃO irá falar sobre autoestima, relacionamentos, fantasias, abuso sexual, memórias, ideias suicidas, mutilação, delírios e medicações, pois não possuímos treinamento para isto. Quando estas questões aparecem no atendimento nutricional, escutamos e as direcionamos para que o paciente as trabalhe na terapia (Gostou desta abordagem? Você pode saber mais sobre o assunto no capitulo 7 do livro Nutrição Comportamental ? referência abaixo).
No Brasil, temos alguns cursos que podemos fazer para auxiliar os nutricionistas neste desenvolvimento, o Instituto Nutrição Comportamental é pioneiro nesta atuação e possuí diversos cursos sobre essas técnicas (saiba mais no site do Instituto: http://www.nutricaocomportamental.com.br/).
Por fim, gostaria de destacar a importância da supervisão com um profissional mais experiente para orientar estes atendimentos, a necessidade da formação de grupos de estudos para trocar informações cientificas sobre o assunto e o autoconhecimento através da terapia como instrumento necessário para separar as questões relacionadas com o terapeuta nutricional e o paciente.
Até o próximo post!
Referências:
Ulian M, Sato P, Alvarenga M, Scagliusi F. Aconselhamento nutricional versus prescrição. In: Alvarenga, Figueiredo, Timerman F, Antonaccio C. Nutrição Comportamental. Barueri: Manole, 2015.
Kellog M. Counseling tips for nutrition therapists. Philadelphia: KG Press, 2006.