Por Ester Soares Paulino , nutricionista
A imagem do corpo humano é a figura de nosso próprio corpo que formamos em nossa mente, ou seja, o modo pelo qual o corpo aparece para nós mesmos. Nós vemos partes da superfície corporal. Temos impressões táteis, térmicas e dolorosas. Há sensações provenientes dos músculos e seus envoltórios e sensações viscerais.
Além de tudo isso há a experiência imediata da existência de uma unidade corporal. Esta unidade é percebida e é mais do que uma percepção, nós a denominamos um esquema de nosso corpo ou modelo postural do corpo. Cada emoção modifica a imagem corporal. O corpo se contrai quando sentimos raiva, torna-se mais firme e suas linhas de contato com o mundo ficam mais intensamente marcadas. Nós expandimos o corpo quando nos sentimos felizes e apaixonados. Abrimos os braços, gostaríamos de envolver a humanidade neles. Nós crescemos e os limites de nossa imagem corporal perdem sua característica de demarcação. Expandimos e contraímos o modelo postural do corpo; subtraímos e adicionamos partes; nós o reconstruímos; juntamos os detalhes; criamos novos detalhes; fazemos isto com nosso corpo e com as expressões do corpo. Estamos continuamente experienciando-o. O esquema corporal é a imagem tridimensional que todos têm sobre si mesmos e nós podemos chamá-la de imagem corporal (SCHILDER, 1999)
Dias desses, li um texto, bastante interessante. Ele chamava atenção para a promoção do que intitulam de Imagem Corporal Positiva, e o quanto ela vem sendo usada/abordada em campanhas publicitárias.
O quanto é significativamente positivo, tal abordagem? E como tem sido tratada utilizada?
Alguns entendem que se trata de apologia à obesidade outros, que é um incentivo à exibição. Mas, realmente, o que queremos e pensamos quando ouvimos tais mensagens? Bem, Imagem corporal representa um aspecto realmente de grande e difícil abordagem, principalmente no tratamento de Transtornos Alimentares.
Imagem Corporal, por definição é: ? imagem corporal pode ser definida como a visão do nosso corpo que produzimos em nossa mente. “a imagem corporal não é só uma construção cognitiva, mas também uma reflexão dos desejos, atitudes emocionais e interação com os outros” (SCHILDER, 1935). A imagem corporal é definida como a representação mental do próprio corpo (KRUEGER,1990).
Naturalmente, o que se tem visto são aspectos muito mais femininos que masculinos sendo abordados, uma vez que os padrões estéticos tendem a ser mais prevalentes sobre o corpo feminino. Contudo, olhemos ao redor. O que esperar de uma campanha publicitária que exalta o homem ?HOMEM?, mas só se usar o perfume/desodorante X. Eis ai, o culto ao corpo masculino: forte, viril, jovial, limpo e…homofóbico? ( bom deixo isso para o CONAR).
Voltemos, pois, às mensagens promovendo a Imagem Corporal Positiva. O que dizem? Amar e aceitar seu corpo! Ok ! Mas como tem sido esta abordagem? A custa de que? Por exemplo, mensagens do tipo: ? Porque ninguém quer abraçar um pedaço de pau? ou ?Seu cérebro pede doce, mas seu corpo pede fruta?. O quanto isso é positivo? Para difundir uma idéia de diversidade e aceitação é necessário destruir alguma imagem? Quem decidiu o que é Belo? Ou Feio? Se olharmos na história da humanidade ? belo esta determinado pela cultura e pelo momento histórico?.
As mensagens estão incentivando a Imagem Corporal Positiva ou gerando mais conflitos? Sabe aquelas mensagens que apontam mulheres reais, falam da real beleza… Ótimo, mas você é realmente uma beleza usando este ou aquele creme firmador ou clareador ou ?Pró-idade? Olhe, nem aparenta a idade que tem? Hellooo! Real! Isto também não é uma imposição?
Outra: vejamos a moda plus size. É uma apologia à obesidade. Tem gente que acha que sim! É melhor esperar para entrar no manequim 38? Cuidado!! Já estão falando que 38 é plus size! Eu acredito que a popularização do plus size é diversidade. Não adequação!
Obesidade deve ser tratada e avaliada por profissionais que devem saber perfeitamente que perder alguns quilos, quando necessário não é o caminho para a Felicidade, mas para cuidar da alimentação e afastar riscos de doenças oportunistas como Hipertensão e Diabetes do tipo 2, quando ocorrem!
Enfim, este post é uma pergunta, ou melhor um monte delas? Pense, reflita. O que você esta comprando é bom? Estou falando das idéias!
Leia mais:
Scagliusi FB, Lourenço BH. A ditadura da beleza e suas consequências no discurso nutricional. In: Alvarenga M, Scagliusi FB, Philippi ST. Nutrição e transtornos alimentares: avaliação e tratamento. Manole: São Paulo, 2010.
Krueger DW, Developmental and Psychodynamic Perspectives on Body Image change, 1990.
Slade PD. What is body image? Behav Res Ther, Washington, v.32: p.497-502, 1994.
Schilder P. A imagem do corpo: as energias construtivas da psique. 3.ed. São Paulo, SP. Martins Fontes, 1999.
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