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Dietas e a eficiência metabólica.


Por Desire Coelho, nutricionista e formada em educação física

Um dos efeitos mais comuns em quem já tentou fazer algumas dietas restritivas é o “Efeito Sanfona”. Alguns textos aqui do blog do Genta explicam como restrições alimentares severas podem desencadear comportamentos compensatórios, por vezes drásticos, tornando impossível a permanência em tal restrição.

Além das questões comportamentais, a dieta restritiva também tem como resultado uma “eficiência metabólica” que nada mais é do que o famoso “metabolismo lento”. Na verdade, de lento não tem nada, o que ocorre é que após um período de escassez de calorias o corpo entende aquilo como uma ameaça e abre mão de um processo primitivo de sobrevivência, ele passa a gastar menos energia para fazer as mesmas atividades que fazia antes.

Esse achado foi corroborado por um estudo de 2016 que avaliou o metabolismo de 16 participantes com obesidade mórbida de um famoso reality show americano, o “The Biggest Loser”. Durante as 30 semanas do programa eles perderam, em média, 58 kg durante, ou cerca de 40% do peso corporal. O estudo também mostrou que os participantes que mais perderam peso foram os que também apresentaram maior queda do metabolismo. Eles deixaram de gastar, em média, 500 kcal por dia! Quando reavaliados seis anos depois boa parte dos participantes já tinha recuperado quase todo peso perdido e alguns ganharam até mais do que os 40 kg perdidos.

O mais importante desse estudo foi mostrar como nosso corpo reage frente a intervenções radicais e que o resultado conseguido no curto-prazo dificilmente será mantido no longo-prazo. Outro achado muito interessante foi que o participante que ficou em último lugar durante o programa, ou seja, o que menos perdeu peso, mesmo seis anos depois não apenas manteve seu resultado como ainda melhorou mais ainda.

Apesar do estudo não ter abordado dados relativos à alimentação, é possível inferir que depois do programa os participantes recuperaram, pelo menos em parte, os hábitos antigos. Ou seja, não conseguiram sustentar tamanha restrição. Obviamente que, em se tratando de uma competição de perda de peso que vale muito dinheiro, os padrões são diferentes da vida real. São, mas nem tanto… Quantas pessoas não decidem perder muito peso em curto prazo e resolvem adotar estratégias e seguir dietas “malucas”? Muitas vezes, elas restringem muito a alimentação e exageram nas cargas de treino. Ao atingir suas metas, elas provavelmente estarão exaustas, física e emocionalmente. Voltar aos velhos hábitos será quase inevitável.

No caso dos participantes do programa, por mais que o metabolismo tenha caído 500 kcal por dia, se o comportamento alimentar desses participantes tivesse sido trabalhado, o resultado com certeza seria diferente. Por isso, entenda que sua alimentação e atividade física devem levar em consideração a sua “vida real”, com seus altos e baixos. O importante é que cada um entenda como seu corpo funciona. Nesse processo de autoconhecimento, é fundamental ser sincero consigo mesmo sobre o que consegue, ou não, manter…



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