Por Marcela Salim Kotait, nutricionista
IMC, índice de massa corpórea. Índice de Quetèlet, um matemático belga nascido no final dos anos 1790.
Um conta de matemática. Um número encontrado graças à relação do peso corporal com a estatura da pessoa, quando elevada ao quadrado. Um número. Uma pessoa.
O IMC, embora muitos nutricionistas não saibam, não é a melhor maneira de classificar o estado nutricional de alguém. Mas, muitos colegas ainda insistem na regrinha matemática para estimar um peso supostamente adequado para seus pacientes.
O valor estimado como adequado fica entre 18,5 kg/m2 e 24,99 kg/m2. Muitos nutricionistas calculam a média desses valores e impõem aos seus pacientes essa meta cabalística.
Mas, será que apenas esse cálculo é suficiente para entendermos o peso de alguém? Basear a alimentação e hábitos voltados apenas para esse valor pode ser uma grande enrascada.
O IMC quando isolado não representa nada sobre ninguém, perdemos informações importantíssimas. Por exemplo, uma pessoa musculosa e uma pessoa obesa podem dividir o mesmo índice de massa corporal, enquanto na verdade têm diferentes composições corporais. Ok, sei que isso é óbvio, mas por que não continuarmos as indagações sobre o IMC e nos perguntarmos se não existe diferença entre alguém naturalmente mais pesado e uma pessoa que teve o aumento de peso como resultado do estilo de vida?
Pessoas com diferentes etnias, idades, biotipos devem se enquadrar no mesmo valor?
Não está na hora dos nutricionistas se livrarem de suas calculadoras e entenderem seu paciente como um ser único e que merece mais atenção e cuidado ao ter um número estimado de peso?