Por Marcela Salim Kotait, nutricionista
Estamos na era digital, vida na internet, rede sociais. Quem está fora, está por fora. Sites, páginas, blogs, flogs… E o famoso Instagram.
Quando foi criado, o Instagram, aplicativo gratuito que permite aos usuários tirar fotos, aplicar um filtro e depois compartilhá-la numa infinidade de redes sociais, incluindo o próprio Instagram, tinha o objetivo de distrair e divertir as pessoas, mas isso durou pouco tempo até ser o motivo de muitas lágrimas… Explico a seguir.
No começo víamos fotos de tudo! Do cachorro da vizinha, do bebê da família, da festa, do namorado e muitas, muitas, muitas fotos de comidas. Comidas feitas em casa, outras de boteco e ainda aquelas do restaurante mais chique da cidade. Todo lugar havia alguém fotografando e postando seus pratos no Instagram.
Com o passar do tempo, as fotos de comidas gostosas foram sendo substituídas por fotos da academia, de pós amarelos, de barras de proteínas, e de corpos esculpidos com hooooras de academia. Até aí, tudo bem, certo? Não me sentia obrigada a comer o que postavam, nem a sair da minha cama no domingo preguiçoso para malhar.
Mas esse fenômeno ?seja-feliz-como-sou-no-meu-Instagram? só cresceu e algumas socialites e modelos viram nisso um filão interessante para publicidade e auto propaganda, passaram de pessoas comuns com conta no Instagram para ditadoras de comportamento, atividade física e nutrição.
Mas, espera um segundo… Quem disse que essas pessoas podem ficar postando livremente o que se deve ou não comer? Qual suplemento é bom para perder massa gorda, qual é bom para fazer os músculos magicamente crescerem? Quem disse que elas podem postar fotos com legendas ofensivas incentivando meninas a não jantarem, caso queiram ter um bumbum como o delas… Quem disse que elas podem postar fotos de pesos e halteres ditando qual série de exercícios o moço que vê suas fotos deve fazer para aumentar sua massa magra?
Essas fotos e suas legendas, na maioria das vezes agressivas e preconceituosas, fazem com que milhares de seguidores se sintam mal e feios por não fazerem parte desse universo regado a ilusões.
Já conheci alguns meninos e meninas seguidores dessas ?Instacelebridades? com sua autoestima devastada por seguir com fervor as dicas e insultos, e que nem assim atingiram os milagres postados. Lógico, não?
A ideia que trago é que devemos refletir sobre esse tipo de informação precária e nada confiável, que por tantas vezes faz com que jovens e adultos insatisfeitos com seus corpos busquem nesse tipo de aplicativo auxílio e acolhimento e acabem por enfrentar problemas mais graves, causados justamente por seguir essas propagandas fantasiadas de realidade e felicidade.
A vasta opção de filtros para melhorar as fotos poderia nos servir de inspiração para que também filtrássemos o que curtimos, lemos, compartilhamos e acreditamos.
E desejo que em breve o Instagram seja só mais um aplicativo com as fotos das paisagens incríveis que você fotografou na sua vida.