Por Fernanda Timerman, nutricionista
Atualmente muitos estudos estão pesquisando a correlação da colonização de bactérias intestinais com questões clínicas como obesidade, sono, estresse, ansiedade e depressão, transtornos alimentares, entre outras.
Dezesseis pacientes com anorexia nervosa (AN) tiveram amostras de fezes coletadas na admissão de um tratamento hospitalar e passaram por avaliação de saúde mental. Os pesquisadores descobriram que esses pacientes tinham uma deficiência severa de diversidade bacteriana em comparação com grupo controle (que não tinha transtornos alimentares) e que, à medida que recuperavam o peso, mudavam sua microbiota e esta se assemelhava mais ao grupo controle. Os pacientes com AN tinham muito pouca Clostridia quando entraram no hospital, mas estas bactérias foram recuperaram durante o tratamento. Em termos do aspecto da saúde mental na AN, os pesquisadores encontraram menor diversidade de microbiota intestinal correspondendo a pior psicopatologia do transtorno alimentar: o grau de depressão foi inversamente proporcional à diversidade bacteriana, em especial a falta de Ruminococcaceae, que teve a associação mais forte com estado mental negativo (Kleiman et al, 2015*).
Estudos com uma população maior e com outras questões, como o a influência do uso de laxantes na microbiota intestinal, devem aparecer daqui para frente, mas com essas recentes informações, já é possível ter uma ideia de que o tratamento dos transtornos alimentares pode ganhar uma abrangência maior, pensando em modular o perfil da microbiota intestinal com alimentos e suplementos que contenham essas bactérias e substâncias (como prebióticos) que ajudem à mantê-las.
Referência e indicação de leitura:
*Artigo na íntegra: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC4643361/pdf/nihms717099.pdf
Para saber mais sobre microbiota, assista este vídeo dos nossos parceiros do Ciência in Forma:
Reportagem completa sobre intestino, microbiota intestinal e questões clínicas:http://super.abril.com.br/saude/seu-segundo-cerebro/