Por Erika Checon Romano, nutricionista
Há tempos não ouvia alguém falar de comida e sorrir, com a alma plena e alimentada. Mas assim foi com Evelyn Tribole, no II Simpósio Brasileiro de Nutrição Comportamental, que ocorreu neste último final de semana. Atenta, a plateia degustava seu bom humor e experiência com o Intuitive Eating, e um silêncio delicioso dividiu o ambiente entre a sabedoria e a reflexão. Respeitar os sinais fisiológicos, conectar-se com si mesmo e harmonizar-se na liberdade de poder escolher e saborear o alimento. Os casos clínicos passavam como um filme, refletindo histórias amordaçadas pela escravidão das dietas, e gostosuras cansadas de esperar por uma boca sedenta. Histórias como a sua, a do seu vizinho. Histórias da sua vida alimentar. Há quanto tempo você não escolhe o que realmente quer comer? Como têm sido os momentos das suas refeições?
No almoço, saímos entre amigas de longa data, reunindo-nos a volta de pratos saborosos e garfadas pautadas por histórias de nossas vidas em comum. Novamente a comida permeou e permitiu encontros, preenchendo nossos corações.
No dia seguinte, excelentes pesquisadores mostraram consistentes trabalhos sobre comportamento e alimentação. Abordagens sendo menos técnicas e mais humanas; pensando que se comer pode ser a canalização de vários desejos, a nutrição gentil deve ser estimulada, já que trabalhar com ética é pensar no outro acima de benefícios pessoais. Não aceitar regras rígidas para comer e assim aumentar a possibilidade de escolha. Com menos frustração e mais conexão com você mesmo, conseguirá comer – nem muito, nem pouco: o suficiente.
O encerramento foi especial. Há tempos não ouvia alguém falar de trabalho com comida e sorrir. Mas dessa vez o sorriso veio através da lágrima estufada de amor, diante o exército de ouvintes famintos por ética e bons pratos, permeados e conectados pela busca da saúde e felicidade. Com maestria, num só tom, a voz sábia e emocionada preencheu os corações em busca da ciência e ética na nutrição, com possibilidade real de comer, diminuindo a frustração e fazendo as pazes com a comida. Sempre emocionei-me com sua garra, de uma vida em busca da lealdade com o paciente. E como ensinou a bela canção, quando eu olhei para o lado, eu estava cercada, só por quem me interessa.
Muito obrigada.