Por Ester Soares Paulino, nutricionista
O meu trabalho na psiquiatria e saúde mental tem me permitido vivenciar experiências incríveis. Tenho aprendido, ao longo de anos, que uma abordagem que trata a pessoa em seu todo, tem um sentido muito mais amplo e enriquecedor. Respeitando o paciente em suas demandas e procurando atender a todos os aspectos que as envolvem.
Dentre estas experiências, destaco as oficinas culinárias, que procuro permear e promover com os mais diversos assuntos que tratamos nos grupos de comportamento alimentar. Momentos extraordinariamente delicados, ricos e surpreendentes. Pois estamos ali: eu e todos os pacientes com os mais diversos diagnósticos. Cada um com uma demanda, uma fala, um olhar. Mas a nutrição, abordada de uma forma mais ampla, sem a supervalorização de nutrientes, permite estes momentos.
Minha última experiência foi ao assistirmos a trechos do delicioso filme “O tempero da vida”. Uma deliciosa película, delicada e envolvente que nos permitiu uma discussão em torno dos sentidos: olfato, visão, tato, paladar. E, ao fim, recorrer aos erros e acertos que uma receita nos permite para trazer esta analogia na vivência do cotidiano dos pacientes. Lindo! Aprendemos ali que somos nós e nossas relações com o mundo, os temperos que podem mudar as nossas vidas e essas relações.
Sim, falar de comida sem nutricionismo nos permite estas experiências. Abordar a nutrição, respeitando o indivíduo em todos os seus aspectos (fisiológico, social e emocional) é a verdadeira alquimia . Assim como o ponto certo do sal no seu tempero.
Assista: “O tempero da vida”, filme de Tassos Boulmetis (2003).