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Precisamos falar sobre prevenção da Obesidade Infantil


Por Fernanda Timerman, nutricionista

No começo desse ano eu estava olhando o instagram e essa imagem postada pela @sp_organica me chamou muito a atenção! É a imagem da campanha governamental de prevenção da obesidade infantil na França.

Muito embora as intenções sejam “as melhores” a imagem me incomodou muito. Fiz um comentário nessa publicação dizendo que é importante discutir esse assunto mas que essa foto é PÉSSIMA! Só serve para reforçar a gordofobia, culpabiliza e ridiculariza a criança obesa e já foi mais do que comprovado que esse tipo de abordagem não adianta em nada, só ajuda a reforçar a estigmatização da obesidade.

Recebi uma resposta muito bacana da @sp_organica dizendo que fazia sentido o que eu tinha falado. Agradeci a resposta e alguns meses depois tive uma grata surpresa enquanto olhava o instagram. A mesma @sp_organica postou essa foto:

Seguida do seguinte texto:

“Uma vez postei a foto de uma campanha francesa de combate a obesidade infantil e a seguidora @fe_timerman me chamou a atenção pela campanha ter usado a imagem de uma criança obesa. Segundo ela, esse tipo de imagem só ajuda a discriminar e a reforçar o estigma da obesidade. O que ela disse me fez pensar sobre as causas, ?culpas? e possíveis soluções desse problema.
Como simplificar a solução da obesidade ou a prevenção da diabetes com a fórmula ?equilibrar calorias consumidas com calorias gastas?, tão repetida pela indústria, mídia e medicina? 150 calorias de castanha é a mesma coisa que 150 calorias de coca-cola? Como culpar uma criança que desenvolve diabetes tipo 2 por ela não fazer exercício? Como culpar uma criança que come um snack light porque a mãe decidiu adotar hábitos mais ?saudáveis?? A indústria ajuda ao colocar nas prateleiras dos supermercados refrigerantes zero caloria, biscoito diet ou qualquer outro produto ultra processado que promete ser mais saudável? O governo não sabe disso? Então por que permite e subsidia essa indústria? Usar a imagem dessa criança como bandeira de campanha de saúde é crueldade. ?
Agora, vocês também acreditam que essa imagem publicada pelo Ministério da Saúde joga a responsabilidade para a criança gordinha com o refri na mão? Não seria mais justo se mostrasse a mãe comprando a Coca-Cola, a escola servindo suco de caixinha ou o McDonalds vendendo seus brinquedos? Ou, ainda, não seria a falta de informação o maior fator de risco? Essa imagem cumpre o papel de informar? ?
?Uma riquíssima fonte de informações sobre esse assunto é o documentário FED UP (disponível no Netflix). Ele aborda a questão do consumo exagerado de açúcar e junkfood e a consequente epidemia mundial da obesidade, mostrando que esse problema é resultado de um fracasso político sistemático. Também desmascara diversos mitos da alimentação e deixa de culpabilizar somente a gula e o sedentarismo pelos altos índices de obesidade a partir da infância. Segundo o filme, o ganho de peso também é um resultado natural de políticas públicas frouxas e da indústria de alimentos, que se aproveita da alta palatabilidade de produtos cheios de açúcares, sal e gorduras.”
Achei uma reflexão excelente e fiquei contente por essa troca ter sido produtiva, por saber que podemos sempre nos posicionar delicadamente, causar reflexão, receber um feedback e promover boas discussões em redes sociais, em tempos onde isso parece ser algo tão difícil e raro.
** Para se aprofundar mais nessa discussão sobre a problemática da obesidade no Brasil, clique AQUI e veja um post com a resenha do documentário “Muito Além do Peso”, que aborda os problemas sociais, políticos, econômicos e psicológicos da obesidade infantil.
Link São Paulo Orgânica:
https://www.facebook.com/sporganica/?fref=nf


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