Por Dr Alexandre Pinto de Azevedo, psiquiatra
Infelizmente, apesar de todas as tentativas de esclarecimentos frequentes, ainda é muito comum, as pessoas acreditarem que o controle de peso é uma questão de força de vontade. Da mesma maneira, aqueles que divulgam esta opinião estão perpetuando o estigma sobre indivíduos que estão acima do peso considerado culturalmente e socialmente como sendo ideal. Além disso, é sempre importante lembrar que comportamentos de depreciação e desvalorização sobre sobrepeso ou obesidade não funciona como fator motivacional para perder peso. Pelo contrário, já é possível acreditar que estes comportamentos, reconhecidos como gordofóbicos, contribuem para conseqüências adversas à saúde, incluindo o próprio ganho de peso. O estigma de peso pode estar presente em diferentes ambientes, sejam nos serviços de saúde ou entre profissionais da educação, bem como a mídia, expandido para familiares e amigos. O termo “estigma” descreve características físicas ou traços de personalidade que marcam seu portador como tendo menor valor social. Um traço estigmatizado pode levar a experiências de discriminação e esta sensação pode elevar o risco de baixa autoestima, depressão e pior qualidade da vida. Referências ao indivíduo obeso como sendo preguiçoso, lento, menos capaz, entre outros, refletem claramente preconceito e desconhecimento. E não há qualquer evidência científica que validem tais crenças inadequadas. Estigma de peso é o julgamento e suposição de que o peso de uma pessoa reflete sua personalidade, caráter ou estilo de vida. O estigma do peso também ocorre de outras maneiras, como a falta de acomodação adequada para corpos maiores em aviões ou em lugares públicos. Não é apenas uma forma cruel de bullying, como também é inválido. Estudos médicos e evidências científicas mostraram que todos os tamanhos de corpo podem ser saudáveis.
A vivência da estigmatização do peso é uma experiência estressante e uma fonte frequente de desconforto para indivíduos com sobrepeso ou obesidade. Podem ser pessoalmente experimentadas através de atitudes negativas, por exemplo, estigma, discriminação, preconceito, estereótipos ou de comportamentos inadequados, como provocações, bullying, ataques verbais e físicos, dirigidos especificamente ao peso, podendo ser intencionais e deliberados ou, por vezes, inconscientes, e movidas pelo inadequado comportamento da maioria. A influência do estigma do peso na saúde física dos indivíduos com sobrepeso ou obesidade já foi adequadamente pesquisado. Esta vivência pode desestimular a adesão a um tratamento médico medicamentoso, com piora de qualidade de vida relacionada à saúde. Há vários estudos que também documentaram que os adultos e crianças estigmatizados sobre seu peso são menos motivados a se exercitar e tenderam a comer a mais do que deveriam. Também não há dúvidas sobre o impacto emocional do estigma do peso e tem sido claramente associado a vivências de ansiedade, de depressão, baixa autoestima, abuso de substâncias, distúrbio da imagem corporal e transtornos alimentares.
E como ajudar no combate do estigma do peso? (a) Reconheça e reveja seus próprios preconceitos. Depois de entender onde estão seus preconceitos e julgamentos, você pode trabalhar conscientemente contra eles. (b) procure saber sobre as informações verdadeiras: pessoas de tamanhos, formas e pesos diferentes podem ter exatamente o mesmo nível de saúde. (c) eduque os outros: se você ouvir alguém ao seu redor dizendo algo inapropriado sobre o tema, corrija-o e informe-o sobre a realidade. (d) assuma uma militância sobre o combate ao estigma do peso.
Se informe:
Wu YK, Berry DC. Impact of weight stigma on physiological and psychological health outcomes for overweight and obese adults: A systematic review. J Adv Nurs. 2018 May;74(5):1030-1042. doi: 10.1111/jan.13511. Epub 2017 Dec 8.
Conheça:
https://www.nationaleatingdisorders.org/get-involved/weight-stigma-awareness-week